Segurança em ambientes cooperativos e a cultura corporativa (fale sobre gestão)


Falar sobre segurança em redes cooperativas sem explorar a fundo temas como processos, pessoas e políticas, é o mesmo que não falar realmente sobre segurança. Quando começo a tratativa sobre segurança com meus alunos de faculdade, é comum a chegada dos mesmos com o errôneo entendimento de que segurança é feita apenas com sistemas avançados, proxys, antivírus, potentes firewalls de borda e IDS´s ou IPS´s bem configurados.
 A tecnologia, por mais avançada que seja, atende exclusivamente às pessoas. Funciona assim... pessoas precisam de tecnologias para alcançar objetivos, correto? Errado! Pessoas utilizam tecnologias para alcançar a realização de suas necessidades e satisfações pessoais sobre um determinado assunto e/ou momento. Essa busca por satisfação e realizações é parte do ser humano e se mostra presente pelas experiências geradas através da cultura existente dentro do ambiente de trabalho.
 A palavra cultura é conhecida como um conceito de várias acepções, sendo a mais comum ligada à antropologia, com a definição genérica formulada por Edward B. Tylor segundo a qual cultura é "todo aquele complexo que inclui o conhecimento, as crenças, a arte, a moral, a lei, os costumes e todos os outros hábitos e capacidades adquiridos pelo homem como membro da sociedade".
 Uma empresa (corporação), é exatamente um meio social com necessidades, artes, crenças, moral e leis vividas diariamente pelos colaboradores e funcionários. A cultura existe em todas as empresas e podem ser um verdadeiro entrave ou uma formidável ferramenta. Tudo depende de como seus colaboradores atuam neste grande ecossistema. Compreenda que seu colaborador passa mais tempo lutando pelos objetivos corporativos do que com sua família ou amigos.
 Trabalhei em diversas empresas familiares ao longo de minha carreira, onde pude notar que em algumas delas, houve uma rápida adaptação às mudanças do mercado e em outras, houve um recebimento lento dos momentos de crise. Notei que o nível de maturidade e de resiliência dependem diretamente da maturidade dos colaboradores em sua cultura corporativa.
 Pois bem... Vamos ao ponto. Para falar de segurança dos dados e de sua rede, você precisa entender o nível de maturidade de seus colaboradores e até que ponto a cultura atua negativamente dentro do ambiente cooperativo. A segurança depende da cultura vivida por seus colaboradores e líderes durante todo o dia, todos os dias.
 De forma sucinta, para aumentar o nível de segurança em um ambiente cooperativo é necessário definir políticas aderentes a realidade da empresa, documentar e revisar sempre que possível os processos de cada departamento e/ou sessão e por fim, treinar e manter todos os colaboradores treinados (isso para dizer o mínimo de forma reduzida).
 Não é uma tarefa fácil colocar a cultura para trabalhar em nosso favor, mas é sim, perfeitamente possível e mensurável. Será necessária mudança de postura, vinda de cima para baixo, exigindo que cargos relacionados a liderança trabalhem fortemente seu lado passional e emocional, aprimorando dia a dia sua forma de gerir conflitos. É necessário que não existam interesses individuais em gestores e departamentos para que os objetivos comuns do todo sejam alcançados. Não devem existir cílios funcionais separando departamentos dentro de uma empresa. Somos todos um, buscando objetivos e metas.
 Por padrão a cultura tende a se acumular em determinados cargos e departamentos, gerando a zona de conforto operacional. Essa zona de conforto faz com que nós, seres humanos, nos acomodemos com uma situação ou forma de trabalho única e muitas vezes agradável. Alguns seres humanos por sua vez, adentram uma zona de conforto negativa, em vez de "positiva" para seu ser. O funcionário efetua as mesmas atividades que os fazem infelizes por anos a fio, porém se incomodam quando a oportunidade de mudança bate em sua porta. Algumas pessoas estão tão imersas e acomodadas em sua zona de conforto negativa, que não conseguem vislumbrar a mudança. É mais ou menos assim ... "Odeio o que faço, mas pelo menos paga as contas", ou ... "Que droga de trabalho que não me dá oportunidades".
 Tratar a cultura de uma organização é uma tarefa complexa e exige muito planejamento, pois depende única e exclusivamente dos colaboradores e funcionários que vivem todos os dias dentro desse grande ecossistema. Não existe nada mais nocivo para a segurança dos dados de um ambiente cooperativo que pessoas presas em zonas de conforto.
 Proponho um pensamento crítico com o conteúdo deste artigo a todos os gestores e líderes. Gostaria que seguissem a seguinte linha de pensamento... Como você mudaria a cultura de sua empresa (não pense se é possível, mas sim como - nada é impossível), pensando em processos, políticas e pessoas? Olhe para todos os seres humanos que estão neste exato momento à sua volta em sua empresa e pense sobre o assunto. Sempre existe uma solução para tornar a vida dos colaboradores, funcionários e clientes melhor. No final somos todos seres humanos, buscando a realização de nossas necessidades e almejando a realização pessoal, portanto pergunte-se... Que realizações ou necessidades são essas? Sempre existe uma forma de transformar o ecossistema.
 Sucesso.
Att
Eduardo R. S. Popovici

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