Gostaria de começar esta conversa com algumas perguntas, para uma rápida reflexão inicial. Vamos lá.
- Sua empresa permite o uso de telefones celulares em suas dependências?
- Sua empresa permite que você utilize sua rede wireless para navegações particulares através de seu dispositivo móvel pessoal?
- Você se sente bem em falar com alguém no WhatsApp ou ao telefone dentro das dependências da empresa (pense em conversas pessoais e corporativas)?
- Como é a relação da chefia/liderança de sua empresa sobre dispositivos móveis particulares?
- Você utiliza seu dispositivo móvel pessoal para acessar e-mails ou uma VPN fora da empresa?
Você tem noção de que o numero de aparelhos celulares em todo o mundo tem crescido de forma exponencial, passando de 240 milhões de aparelhos somente no Brasil (e vai aumentar). Esta nova realidade, faz com que os celulares dominem fortemente o cotidiano das pessoas, e se tornem o principal meio de comunicação e acesso à Internet. Dados da Anatel indicam que o Brasil terminou junho de 2017 com 242,1 milhões de celulares e densidade de 116,65 cel/100 hab.(http://www.teleco.com.br/ncel.asp).
A partir do momento em que uma pessoa adquire um celular, para grande parte da população (e me incluo nessa parcela), tal dispositivo passa a ser uma extensão de seu corpo. Essa extensão física do corpo permite a conexão do intelecto com outros indivíduos em tempo real através da grande rede, permitindo a interação constante com inúmeros indivíduos. Pense bem, praticamente ninguém ou quase ninguém sai de casa sem levar seu celular. Se esquecem voltam para pega-lo ou se não voltam ficam o restante do dia com os pensamentos no equipamento.
Ao nosso redor pessoas ficam o tempo todo manipulando seus aparelhos; no transporte publico, nos parques, nos shopping centers; em qualquer lugar. São alvos relativamente fáceis em determinado momento. Se você estiver lendo agora este texto, pare e olhe em volta em seu departamento ou em sua casa. Quantas pessoas estão neste exato momento com seus dispositivos móveis em mãos?
Este processo é irreversível e junto com este fenômeno surge a figura do Aplicativo para Celular. Este tipo de recurso cresce cada vez mais de forma significativa com inúmeras versões e atualizações, contemplando as mais diversas áreas: saúde, finanças, negócios, entretenimento entre outros. O aplicativo de celular torna a vida das pessoas mais fácil. Ela não precisa ir até o banco, a qualquer hora do dia o banco vem ate ela. Essa nova forma de comunicação pode alterar de forma significativa a forma de relacionamento Empresa / Cliente. Publicidade e Marketing precisam aproveitar este novo tipo de negócio. O cliente online esta disponível o tempo todo e 100% do tempo.
Agora quero propor a você uma reflexão sobre um panorama interessante (e de certa forma assustador). Você já pensou que estamos falando aqui de 242,1 milhões de oportunidades de sequestro sistêmico ou ataques digitais. Também podemos olhar somente para o lado relacionado ao negócio e vislumbrar 242,1 milhões de oportunidades de negócio para um novo aplicativo ou necessidade. Podemos alcançar um excelente negócio ou amargar 242,1 milhões de oportunidades negativas cheias de prejuízos. Tudo depende da forma como iremos atuar dentro desta nova realidade.
Em 1 jun 2017, foi veiculado uma matéria pela revista Veja São Paulo, dizendo que em um ano o número de furtos de aparelhos celulares cresce 40% na cidade dentro da cidade de São Paulo. Somente nos seis primeiros meses de 2017, quase 12 500 paulistanos foram alvo dos ladrões, cerca de 40% mais que no mesmo período de 2015. Já imaginou se o celular com os dados de alguém do seu departamento de compras a receber esta dentro dessa estatística? (http://vejasp.abril.com.br/cidades/furtos-roubos-celular-sao-paulo/ ). Um bom seguro resolve a questão do aparelho perdido, entretanto não responde pelo capital intelectual e demais dados perdidos pelo furto/roubo. Seus dados pessoais estão a disposição dos meliantes, infelizmente (e-mails, conexão com Facebook, acesso a VPN da empresa, etc).
Cada celular fabricado e distribuído se torna um alvo em potencial, seja por uma vulnerabilidade nativa do sistema operacional, ou um ataque do tipo Zero Day, ou ainda uma simples conexão WIFI de forma inadvertida de um usuário sem o devido cuidado ou conhecimento.
Os celulares são comercializados para pessoas que farão dele sua ponte com o mundo digital para inúmeros assuntos cotidianos, colocando em evidência todos os moldes da pirâmide de maslow. Eles estão presentes na vida de seus associados, funcionários, amigos, família e conseguem se conectar a praticamente tudo a sua volta e isso é um fato. Os celulares permitem alcançar mais do que podemos observar.
Precisamos entender que os dispositivos celulares se tornaram não só um dispositivo móvel ou ferramenta do dia a dia, mas uma extensão do intelecto humano que permite se conectar através da internet. Grande parte das pessoas farão o que for necessário para se conectar e manter ativa tal conexão. Essa conexão precisa ser devidamente protegida e monitorada pela equipe de segurança cibernética pois além de representar um risco potencial.
Politicas e processos bem desenhados podem ser implementados para que a utilização de dispositivos móveis dentro das dependências físicas e virtuais da empresa possam entrar em harmonia com o ecossistema corporativo (ficar em conformidade com a segurança). Isso pode prover uma melhoria continuada ao processo criativo e comunicação dos colaboradores sem que a segurança receba uma queda considerável.
Se utilizarmos como exemplo o Whats App. Esse aplicativo prove uma comunicação simples e eficiente, que leva as pessoas a se comunicar de forma rápida e resolver questões do dia a dia de muitas empresas. A popularidade dessa aplicação em dispositivos móveis torna permite agilidade em inúmeras atividades cotidianas, mesmo que muitos gestores ainda não admitam.
Para prover segurança ao ambiente de trabalho, precisamos compreender esse novo momento do intelecto humano e sua conexão através dos dispositivos móveis. Tal compreensão pode ajudar a aumentar a proteção dos dados acessados por nossos colaboradores sem prejudicar seu processo criativo. Cada vez mais o mundo se encontra conectado de forma democrática por pessoas de todas as classes sociais, idades e culturas com o único objetivo de se comunicar, seja através de sites de busca, ou softwares de bate papo, por jogos on-line ou memorandos do trabalho.
Tratar tal assunto leva tempo e pode atingir inúmeras linhas de pensamento correlatas que vão de fatores econômicos e sociais até mesmo a segurança cibernética. Minha proposta com este texto é que tal assunto precisa ser levado a sério por gestores e tomadores de decisão, pois é de interesse comum. Cada vez mais serão mais estaremos cercados por dispositivos conectados esperando para trafegar dados que muitas vezes podem causar danos diretos ou indiretos. Nosso papel é o de mitigar grande parte destes problemas e aumentar a resiliência de nosso ambiente como um todo.
Forte abraço.